quarta-feira, 14 de abril de 2010

As culturas indígenas no território brasileiro

Na área que hoje corresponde ao Brasil, talvez vivessem em 1500 algo em torno de 3 milhões de indígenas. Certos grupos limitavam-se à coleta de frutos silvestres, à caça e à pesca, enquanto outros acrescentavam uma agricultura rudimentar, em que se destacava o cultivo da mandioca. Nenhum deles se sedentarizara completamente, embora muitos vivessem em aldeias, nas quais permaneciam por alguns anos.
As muitas centenas de tribos que ocupavam o território podem ser classificadas, de um modo geral, em quatro grupos lingüísticos: tupi, gê, caribe e aruak. Alguns outros são considerados isolados, como os nambikwara e os bororos.
Os grupos cariba e aruak eram encontrados na Amazônia e pertenciam a troncos que se estendiam pelas Antilhas, até a Flórida. Mais selvagens e agressivos, os caribes localizavam-se nas regiões altas das Guianas e dali desciam em direção ao Amazonas, ao passo que os aruaks mostravam-se muito adaptados à vida ribeirinha da grande bacia, tendo como centro o estuário do rio Negro.
Os gês ocupavam o planalto central, do Maranhão ao alto Paraguai. Algumas tribos viviam na Serra do Mar, próximas ao litoral sul.
De todos, eram os tupis-guaranis, espalhados ao longo da costa, os mais numerosos e aqueles com os quais os portugueses travaram contatos mais freqüentes e intensos. No momento da descoberta, concluíam uma longa migração em direção ao nordeste, que se iniciara nas fraldas dos Andes ou na região intermediária entre os rios Paraná e Paraguai. Na margem sul do Amazonas, algumas tribos tupis tinham acabado de estabelecer talvez a mais elaborada sociedade de todo o futuro território brasileiro, a julgar pelas primorosas cerâmicas que deixaram (Marajó e Santarém).
Uma típica aldeia tupi consistia de quatro ou mais longas tabas, de tetos arredondados, feitas de palha, cercadas por uma paliçada. Cada taba abrigava diversas famílias, distribuídas por redes ao redor do fogo com que cozinhavam. A organização social só conhecia a divisão do trabalho por sexo e idade. Um conselho de anciãos (isto é, com mais de 40 anos) reunia-se quase diariamente para decidir os assuntos da tribo, e o chefe tinha uma função sobretudo militar. A expressão artística limitava-se principalmente à ornamentação do corpo - no mais das vezes nú - com pinturas, plumagens e objetos, como amuletos de pedra presos ao lábio inferior e a outras partes do corpo.
A vida era dominada pela magia e pela guerra. Sem dispor de uma religião estruturada, os tupis sentiam-se rodeados por espíritos ou demônios, na maioria das vezes maléficos, que os curandeiros (pajés) procuravam controlar por meio de rituais elaborados. A guerra, por sua vez, constituía o meio pelo qual os homens se distinguiam através do número de inimigos mortos ou capturados. As diversas tribos tupis do litoral, cujas denominações decorrem muitas vezes de nomes atribuídos pelos portugueses, combatiam constantemente umas às outras, formando e desfazendo alianças, que equivaliam a verdadeiras confederações.
Os prisioneiros capturados eram mantidos em cativeiro pelas mulheres da tribo e, posteriormente, executados em um ritual próprio, para que cada membro da tribo ingerisse um pedaço de seu corpo. Essa prática antropofágica destinava-se à aquisição da força espiritual do inimigo e à perpetuação do conflito, sob a forma de vendeta.
 
Fonte: Enciclopédia de história do Brasil

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