sexta-feira, 9 de abril de 2010

Memória, Esquecimento, Silêncio .

Resenha do artigo: Pollak, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio .

Em sua análise da memória coletiva, Maurice Halbwachs enfatiza a força de diferentes pontos de referência que estruturam nossa memória e que a inserem na memória da coletividade a que percebemos.

As paisagens, as datas e personagens históricos de cuja importância somos incessantemente relembrados, as tradições e costumes, certas regras de interação.

Uma memória também que, ao definir o que é comum a um grupo e o que diferencia dos outros, fundamenta os sentimentos e as fronteiras sócio-culturais.

Maurice Halbwachs, acentua as funções positivas desempenhadas pela memória comum, de reforçar a coesão social, pela adesão afetiva do grupo.

Numa perspectiva construtivista, não se trata mais lidar os fatos sociais como coisas, mas analisar como os fatos sociais se tornam coisas. Essa abordagem irá interessar, portanto, pelos processo e atores que intervêm no trabalho de constituição e formalização das memórias.


Memória em disputa

Essa predileção em detrimento de fatores de continuidade e de estabilidade deve ser relacionado com as verdadeiras batalhas da memória.

Tomemos a título de ilustração, o papel desenhado pela reescrita da história em dois momentos fortes de destalinização, o primeiro deles após o xx congresso do PC da União Soviética, quando Nikita Kruschev denunciou os crimes stalinistas. Essa reviravolta da visão da história, ligada a linha política, traduziu-se na descrição progressiva, que lembravam Stalin na União Soviética.

Essa preocupação reermegiu cerca de trinta anos mais tarde no quadro da glasnot e da perstroika. Aí também o movimento foi lançado pela nova direção do partido ligada a Gorbachev. Essa nova abertura gerou um movimento de intelectuais com a reabilitação de alguns dissidentes atuais e de maneira póstuma de dirigentes dos anos de 1930.

O exemplo seguinte é o dos sobreviventes dos campos de concentração nazistas, que após serem libertados retornaram à Alemanha ou a Áustria. Seu silêncio sobre o passado está ligado em primeiro lugar a necessidade de encontrar um modus vivendi e não provocar o sentimento de culpa torna-se um reflexo de proteção da minoria judia. Essa atitude é reforçada pela culpa que as vítimas podem ter oculta no fundo de sí mesmas.

O último exemplo trata-se dos recrutados a força alsacianas. Após o fracasso de um recrutamento voluntário acionada no início da segunda grande guerra pelo exército alemão na Alsácia anexada, um recrutamento forçado foi decidido.

A organização dessas lembranças se articula com a vontade de denunciar aqueles aos quais se atribui maior responsabilidade pelas afrontas sofridas. No momento do retorno do reprimido, não é o " autor do crime " (Alemanha) que ocupa o primeiro lugar entre os acusados, mas aqueles que , ao forjar uma memória oficial, conduziram as vítimas da história ao silêncio e à renegação de sí mesmas.

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