sexta-feira, 9 de abril de 2010

O poder do Estado.


O pensamento de Pierre Bordieu
Ao fazermos uma análise do poder exercido pelo estado, devemos tentar abstrair ao máximo todos os instrumentos coercivos que nos cercam, evitando assim, uma reflexão contraditória ao aplicarmos um pensamento imposto a nós pelo estado ao poder repressivo estatal.
Sob todos os aspectos, o estado aparece para nós, como um poder de repressão legitimado pelas sociedades tanto civil quanto política e ao mesmo tempo, este poder tenta justificar sua perenidade através da violência física e simbólica, ou seja, o aparelho de regulação estatal pode ser entendido como uma ação consciente, mas que mascara uma outra inconsciente.
Em uma perspectiva homogeneizadora, a cultura aparece como instrumento principal de organização estatal, em que o intelectual ganha posição central na disseminação dos códigos culturais legitimando ou ilegitimando algum ato.
Sendo assim, até mesmo os movimentos dirigidos contra o estado inconscientemente pedem a sua legitimação.
Com isso, o estado pode ser compreendido como um conjunto de instrumentos de poder tanto físico quanto simbólicos encontrados na sociedade.
É através da violência simbólica que o estado atua no inconsciente de determinados grupos sociais atingindo seus modos de pensar o mundo e conseqüentemente pensar o próprio estado e com isso, a construção do estado caminha em paralelo com a construção de instrumentos de poder.
A escola pode ser considerada o inicio da construção do poder simbólico, pois a criança vai para a escola aprender a doutrina estatal, sendo transformado desde pequeno em criaturas do estado programado para agir de acordo com o poder simbólico exercido em sua classe social.
Com essa perspectiva, é criada a raiz dos adultos submissos, quando legitimados, pelos instrumentos repressivos reguladores.
Todo esse quadro teórico esboçado pode ser exemplificado na formação das primeiras faculdades de agronomia no inicio do século XX.
O Brasil com uma economia agrário-exportadora predominante necessitava de um agrônomo brasileiro com traços culturais do poder simbólico europeu.
Este agrônomo perpetuaria a divisão no mundo agrário e com isso, os socialmente excluídos ficariam sem voz.
Neste sentido, a escola torna-se a peça fundamental no processo de entendimento da violência simbólica estatal.
Em nossa sociedade contemporânea torna-se cada vez mais acirradas as lutas das classes dominadas entre os legitimados pelos instrumentos de poder e os que por falência de alguns organismos do estado não conseguem ser incluído no sistema.
Há casos que os grupos exclusos do estado utilizam instrumento de poder semelhante para conseguirem desestruturar os poderes legitimados da violência física.
Com a tendência de que sejam cada vez maiores, as propagações do poder ilegítimo, o aparelho do estado, como mantenedora do poder da classe dominante, usará com cada vez mais energia os instrumentos de repressão, principalmente a mídia, para tentar frear uma adesão em massa dos excluídos.
Em uma não muito distante total falência dos instrumentos de poder simbólico das classes dominantes, os intelectuais assumem o papel principal na condução da sociedade.
Seja qual for à ideologia adotada, os intelectuais devem estar na vanguarda da sociedade civil e política até a completa dissolução do estado burguês e o fim da violência tanto física quanto simbólica.
Assim, uma sociedade sem classes decretará o fim da violência simbólica.
Bordieu, Pierre. Razões práticas sobre a teoria da ação.
Bordieu, Pierre. O poder Simbólico

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