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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cabra cega



Visivelmente produzido com poucos recursos, Cabra-Cega, dirigido por Toni Ventura, fala de um tempo em que no Brasil existiam jovens idealistas, estudantes e trabalhadores, que sonhavam com a revolução socialista e enfrentavam o arbitrário regime militar.

É também uma história de amor entre Tiago, ex-líder estudantil que optou pela luta armada, com Rosa, enfermeira e filha de operário comunista do interior do São Paulo.

Com trilha sonora de Chico Buarque (Roda Viva), o filme se passa todo dentro de um apartamento, em que Tiago, ferido em uma batalha contra os militares, assiste os horrores dos anos de chumbo.

Olga


História de Olga Benário, uma mulher idealista e fiel as suas convicções.
Membro do partido comunista, Olga dedicava –se inteiramente a militância do partido, onde conheceu o brasileiro Luiz Carlos Prestes, já famoso pela marcha da coluna que foi dado o seu nome.
Ambos são enviados pelo partido comunista soviético, disfarçado de marido e mulher, para Brasil na tentativa de fazer a revolução comunista por aqui. Quando pisaram em solo brasileiro já estavam tendo um romance.
A intentona comunista marca a tentativa de revolução de Olga e Prestes que foi combatida duramente pelo governo Vargas.
A revolução falhou, os articuladores do golpe foram presos e torturados, Preste ficou no Rio, mas Olga foi deportada para a Alemanha nazista e presa em um campo de concentração acabou morrendo na câmara de gás.

terça-feira, 30 de março de 2010

Rock IV e a guerra fria




No sábado a noite estava em casa sem nada para fazer e, por isso, devidi escolher um filme entre os que estavam iniciando na tv, foi quando passei pelo canal TCM e para minha surpresa deparei-me com o filme Rock IV. Com um olhar mais atento e com já um certo distanciamento do contexto histórico ao qual o filme foi lançado pude perceber o quanto o ele serviu com instrumento de legitimação da ideologia capitalista. O quarto filme da série do boxeador Rock foi lançado em 1985 em pleno auge da guerra fria.
A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã.
A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.
Conversando com professores de história que lecionavam durande a década de 80, entendi que o mundo ocidental não tinha a menor noção da profunda crise que atravessava os países do leste europeu e, por isso, não se acreditava que o socialismo entraria em colapso apenas alguns anos mais tarde.
O enredo de Rock IV alimenta-se da relação capitalismo X socialismo e usa mais uma vez a indústria cinematográfica como veículo de propaganda do capitalismo tentando legitima-lo a todo o custo. Pregando a vingança como motivação, Rock vai a União Soviética derrotar o lutador russo que matou seu amigo em um combate no EUA.
O final do filme é interessante porque é uma referência para alguns outros que tratam da relação americana com povos de culturas diferentes, isto é, os americanos são sempre os vencedores ao mesmo tempo que pregam a falsa unidade e emizade entre as nações.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O nome e a coisa: o populismo na política brasileira

Resenha do artigo de Jorge Ferreira. O nome e a coisa: o populismo na política brasileira.

O artigo tem a missão de fazer um balanço historiográfico acerca da prática da política populista no Brasil.
A partir da década de 50 começou o processo de estudo da política populista no país. A primeira geração de estudiosos desenvolveu a teoria que ficou conhecida como teoria da modernização, onde os camponeses assumiram um papel central na organização da classe trabalhadora. Nesse sentido, o comportamento operário em um momento de transição econômica foi marcado pelo individualismo, por suas origens rurais, tradicionais e patrimoniais, se tornou passiva e dependente do Estado.
Dessa forma, a transição de um modelo agrário-exportador para um modelo industrial necessitou de mão-de-obra camponesa e este, por suas características, deixando-se sucumbir por um modelo de Estado paternalista.
A segunda geração recebeu forte influência da teoria marxista e a teoria de Gramsci acerca da questão de hegemonia assumiu papel central na interpretação da relação classe trabalhadora / Estado. Dessa maneira o binômio persuasão / repressão ganhou força, o que para Jorge Ferreira representou um retrocesso acerca da interpretação histórica.
Na tentativa de superar a visão gramsciana surgiram alternativas que aproximavam o governo de Vargas aos regimes de Hitler e Stalin. Para Marc Ferro, a relação de equivalência entre o III Reich e outros regimes contemporâneos é uma tentativa de banalizar o nazismo na sociedade atual. A críca de Jorge Ferreira fica por conta da construção da relação Estado / classe trabalhadora como sendo uma via de mão única.
Mas é a partir do final da década de 70 que o populismo começa a força em sua lógica explicativa. Diversos autores fazem crítica a esse modelo que, entre muitos, podemos citar a invenção do trabalhismo, obra escrita por Angela Castro Gomes (1988), como um marco na historiografia sobre a prática populista.
Em relação a questão de lider carismático Miguel Boeda explica que até mesmo grnades líderes, antes de ganharem projeção nacional, firmaram suas lideranças partidárias em uma esfera regional.
No último tópico, a "invenção" do populismo Jorge Ferreira discorre acerca da construção do termo e sua função. Inicialmente o termo populismo era utilizado para qualificar o projeto político de determinado candidato, ou seja, o termo populismo tinha um tom elogioso. Diferentemente pelego, pois o termo era usado para desqualificar determinados líderes sindicais.

quarta-feira, 24 de março de 2010

A baixa idade média



A baixa idade média foi a fase em que as características da idade média estavam em transição.
O século XIII representou uma época de avanços tecnológicos com o desenvolvimento da crarrua. Esse período também foi marcado pela diminuição das guerras.
Este clima de paz e o aumento da produção de alimentos significou um aumento populacional no continente europeu.
Foi nesse contexto que começou a surgir uma nova camada social: a burguesia. Dedicados ao comércio, os burgueses enriqueceram e dinamizaram a economia no final da idade média (renascimento comercial).
Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou e buscou construir habitações protegidas por muros. Surgia assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem à várias cidades. (renascimento urbano)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Folclore, Antropologia e História Social por E.P. Thompson

Inserido na obra "As peculiaridades dos ingleses e outros artigos", o capítulo folclore, antropologia e história social dá importante contribuição para a formação de uma metodologia que alinhe a pesquisa histórica com as demais áreas das ciências humanas como a antropologia social, a filosofia e a sociologia.
O autor inicia o texto com algumas considerações acerca do uso da antropologia social e seus conceitos como modelo explicativo na investigação em determinados contextos sociais. Dessa forma ele vai construindo a historiografia do folclore na Inglaterra pré-revolução industrial. No século XIX o objetivo dos costumes era tentar fornacer uma prova de ligação com os princípios da história da humanidade. Acreditava-se que que os costumes mostravam o quanto os povos que praticavam costumes semelhantes eram consanguineos.
O autor crítica o conceito de folclore e a forma como ela é tratada na Grã- Bretanha e faz uma comparação com os estudos na França, local onde os estudos foram realizados alinhado a antropologia.
Com isso, Thompson procura incentivar um novo exame dos textos recolhidos procurando recuperar os costumes perdidos.
Ele cita um exemplo relacionado ao processo de vendas de esposas na Inglaterra nos séculos XVIII e XIX. Através desses estudos Thompson comprova que a "venda" se dava com o consentimento do esposo e, por isso, na verdade o que acontecia era um ritual de divórcio.
Então, para Thompson, a importância dos estudos dos rituais está no fato de que, indentificados quais tipos de condutas ofendem a comunidade, revelam-se também as suas normas.
Nas páginas seguintes o autor faz uma crítica ao método de análise marxista como modelos explicativo das sociedades antes da revolução industrial. Mesmo em sociedades modernas, o economicismo, parte integrante do marxismo, empobrece análises ao mesmo tempo que o economicismo é incompatível com as sociedades contemporâneas.

segunda-feira, 8 de março de 2010

As fronteiras da Europa

No capítulo as as fronteiras da Europa, Sergio Buarque de Holanda irá traçar os aspectos culturais característicos dos povos da península ibérica, mais especificamente de Portugal, que tiveram fundamental importância na formação cultural do Brasil.
Com isso, o autor destaca a não muito nítida separação de classes sociais, fruto da tradição de associação entre a burguesia mercantil e as antigas classes dirigentes, o que não obrigou a adoção de um novo modo de agir e pensar para fortalecer sua hegemonia. Segundo o autor, os espírito unificador da nação foi sempre representado pelos governos. Ainda há um destaque para a repulsa ao trabalho.

Fonte: Raízes do Brasil. Sergio Buarque de Holanda.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

SOMBRAS DE GOYA


O risco de iminente retorno da inquisição na Espanha assim as consequências da revolução francesa em fins do século XVIII formam o contexto histórico que o filme sombras de Goya tem como pano de fundo. Filme belissimo, com ótima fotografia, em que a trama se desenrola em torno da figura do padre Lorenzo, um fiel defensor do tribunal do santo ofício, mas quando foi obrigado a fugir para a França, assumiu os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, símbolo da revolução que alterou para sempre o panorama político da Europa. Recomendado para o trabalho com temas relacionados à inquisição e as consequências da revolução francesa.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Adeus Lenin


O filme tem como pano de fundo o contexto histórico da queda do muro de Berlin e o fim da Alemanha Oriental. Alex, um jovem iludido com a liberdade do mundo capitalista, é encontrado pela sua mãe, uma socialista fervorosa, no meio de um protesto a favor da unificação das das duas Alemanhas. A mãe dele entra em colapso e só acorda após o fim do socialismo alemão. Sofrendo de remorso, Alex tenta reconstruir todo o ambiente a extinta Alemanha Oriental. Um excelente filme que apresenta as diferenças em os dois sistemas econômicos mais importantes do século XX. Recomendado para os professores em aulas de conhecimentos gerais, atualidades, história ou geografia.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Biografia e História

BORIS FAUSTO
COLUNISTA DA FOLHA
O gênero histórico-biográfico ganhou um extraordinário prestígio nas últimas décadas em todo o mundo ocidental. Mas convém ressalvar que a biografia nunca perdeu prestígio entre o público letrado, apesar da sua desvalorização nos meios acadêmicos.
Tudo se passa, no passado e no presente, como se o leitor, ao colocar na balança a famosa frase de Karl Marx no "Dezoito Brumário de Luís Bonaparte", estivesse convencido de que o significado das ações humanas fosse muito maior do que os limites impostos pelas circunstâncias históricas herdadas do passado.

Além disso, concorre para o prestígio das biografias a curiosidade despertada por livros que tratam de derrubar do pedestal da glória figuras como o citado Marx, Freud, Roosevelt e tantas outras, desvendando aspectos íntimos de suas vidas.

Por último, vale lembrar, nos dias que correm, a intensificação do fascínio exercido pelos grandes personagens, desde um austero Pedro 2º ao atacante Cristiano Ronaldo, recebido como rei pelos torcedores do Real Madrid.

Por que o gênero biográfico foi desvalorizado aos olhos de quase todos os historiadores profissionais para ressurgir em anos recentes? Curiosamente, a desvalorização teve muito a ver com novos caminhos trilhados pelos especialistas, a partir das primeiras décadas do século 20.

Um ponto de referência sempre citado é a chamada Escola dos "Annales" [ligada à revista francesa "Annales d'Histoire Économique et Sociale", criada em 1929], em que se destacaram nomes como os pais fundadores Lucien Febvre, Marc Bloch e, sucessivamente, Fernand Braudel e Emmanuel Le Roy Ladurie.
Esses autores não tiveram por objetivo extrair leis da história, à semelhança das ciências naturais, na linha dos positivistas. Mas trataram de aprofundar o conhecimento histórico, criticando a chamada "história-batalha" e o excessivo interesse no estudo dos grandes personagens.

Tipicamente, Braudel [1902-85] voltou-se para o ritmo das mudanças mais lentas, para a história de longa duração, corporificada na história das mentalidades. Para que o leitor não tome essa transformação em termos absolutos, lembro que Lucien Febvre [1878-1956] escreveu uma excelente biografia de Martinho Lutero, explorando as características de sua mentalidade religiosa.
Ainda no âmbito da história acadêmica, uma preocupação constante, ontem como hoje, foi a de escrever biografias relevantes, no sentido de abranger texto e contexto; ou seja, o personagem e o mundo no qual ele viveu, de tal forma que o personagem se explica, sob certos aspectos, em função de sua época, cujo entendimento, por outro lado, mais se ilumina pelo prisma do biografado.

Novas roupagens

Ao mesmo tempo, a figura central ganha maior consistência ao se analisarem seus laços familiares, sua carreira, seus traços psicológicos, que incluem uma incursão no terreno movediço da psico-história.

O retorno impetuoso do gênero biográfico, nos meios acadêmicos, veio acompanhado de novas roupagens e do ingresso de novos personagens. Historiadores de primeira plana, como Ian Kershaw e Simon Sebag Montefiore, escreveram vários volumes sobre os dois maiores tiranos do século 20 -Hitler e Stálin. Aprofundaram, assim, os contornos de duas figuras execráveis e, a partir daí, empreenderam uma análise inovadora dos regimes nazista e comunista.

Novos personagens entraram em cena, ou seja, a gente simples, alterando a ênfase da história social que deixou, assim, um pouco à margem as grandes estruturas, os movimentos sociais, para se concentrar, por exemplo, na figura do camponês Martin Guerre, traçada por Natalie Zemon Davis ("O Retorno de Martin Guerre"), ou na do moleiro Menocchio, de Carlo Ginzburg ("O Queijo e os Vermes"), ambos de 1987, na tradução brasileira.

Curiosamente -lembro de passagem-, a malsinada "história-batalha" voltou a ganhar importância ao receber novo tratamento. É o caso do livro de Georges Duby "O Domingo de Bouvines", analisando um episódio militar crucial da história da França, datado de 1214, que firmou o poder da monarquia.
Engenho

Uma questão que o historiador tem de enfrentar, ao lidar com o gênero, é o critério de relevância. Como ele não se limita ao objetivo de escrever uma narrativa engenhosa, de que forma poderia estabelecer regras que distinguissem, nos pequenos fatos de vida do personagem, o que é relevante do que é mera fofoca, ou banalidade do cotidiano?

De fato, as regras não existem e aí abre-se para o historiador um campo seletivo em que o engenho, a arte e a intuição entram em grau ponderável.

Como me concentrei nas biografias acadêmicas, ressalto que não desprezo, de modo algum, as biografias escritas por outros profissionais, como é o caso dos jornalistas.

Em certos casos, a tendência a fazer passar por realidade o que é pura imaginação não é uma boa receita. Mas não faltam biografias de grande êxito e bom padrão escritas por jornalistas, contribuindo para fazer avançar o conhecimento histórico do grande público, a quem o historiador poucas vezes alcança.

Por fim, a boa biografia escrita por não profissionais encerra uma lição para os historiadores, ao oferecer uma narrativa em estilo límpido, sem os cacoetes do jargão disciplinar. Essa virtude não é pequena, se a gente se lembrar que, sem conter uma narrativa atraente, a biografia fracassa.